Com o 25 de Abril de 1974 iniciava-se o processo de democratização e a Revolução dos Cravos. Milhares de pessoas lançaram-se na aventura de construir um novo país. A auto-organização do movimento de moradores levou a que, por toda a cidade de Lisboa, se multiplicassem as ocupações de imóveis devolutos, abandonados ou vazios, onde eram criadas escolas, creches, bibliotecas, farmácias, clínicas populares, grupos de teatro ou desportivos, sedes de partidos ou de comissões de trabalhadores e moradores, etc..
Em 1975, a comissão de moradores da freguesia das Mercês (hoje Misericórdia) decidiu ocupar um palacete devoluto no número 11 da Rua da Palmeira, propriedade dos Hospitais de Lisboa.
Depois de identificar as necessidades da população, numa zona pobre e de graves problemas sociais, os moradores decidiram criar uma creche e jardim-de-infância, sobretudo para as crianças da freguesia, que começa a funcionar em janeiro de 1976, com capacidade para 46 lugares de jardim-de-infância e 12 de creche. Um dos problemas identificados fora a inexistência de um espaço onde as crianças da freguesia pudessem ficar enquanto as mães trabalhavam.
Funcionando em moldes cooperativos e de gestão participada de pais, trabalhadores e associados, foi uma iniciativa popular e uma conquista da Revolução que muitos mantiveram generosamente de pé nas décadas seguintes. 50 anos depois, apesar de todas as dificuldades, continua a resistir na Rua da Palmeira este projeto educativo aberto à comunidade.